Eu - na bem das verdades - nunca quis nada nessa vida. E nunca
esperei muita coisa dela. Nunca quis ser bombeiro, nem astronauta, nem advogado.
Queria sim, uma boa vida, claro. Mas nada demais, te juro. A única coisa que
recordo e mamãe faz questão de relembrar é que sempre quis morar sozinho.
Talvez porque até um ano atrás nunca tinha tido sequer um quarto pra chamar
de meu, talvez seja meu espírito de liberdade, talvez fosse minha vontade de fumar enquanto cago... espero descobrir.
Como todo rebelde sem causa, queria ter meu canto, minha vida,
minhas coisas. MINHAS MINHAS MINHAS! Queria acordar um dia e resolver pintar a
parede de azul com bolinhas rosas e não ter alguém falando AI, NÃO. Solidão
não, queria alguém pra compartilhar essa tão desejada liberdade. Liberdade de
não ter que fazer sala quando não se quer. De ter com quem conversar sobre o
que você quiser, sabe? Sem a parte da censura hipócrita de familiares e sim a
palavra honesta de um amigo – nem sempre a favor, claro.
E não é de hoje que tenho essa conversa com os mais diversos
amigos. Mas sempre acontece alguma coisa. Algum imprevisto, algum
desentendimento RISOS. A não ser que você tenha papai e mamãe apoiando e – em alguns
casos – bancando, fica meio difícil simplesmente passar pela porta e alugar o
primeiro apartamento que estiver vazio.
Daí que surgiu a ideia do blog. Ta super na moda se foder.
Então que lugar melhor que um blog pra gente contar cada cabeçada na parede,
cada frustração e cada perrengue que a gente for passar? Claro, espero que
tenham alegrias também, senão tudo perde o ponto principal. Afinal, vai ser
difícil sair de casa por motivos de: duendes.
Sim, na minha casa mesmo, os duendes são muito bem
adestrados e basta jogar a roupa suja lá no cesto e BANG, não dá nem dois dias e
a roupa já está limpa e passada, penduradinha no meu guarda-roupa. A comida
está sempre feita – e gostosa. A toalha mesmo depois de usar sempre volta
sequinha e ta sempre lá quando eu saio do banho. Sem mencionar nas lâmpadas que
queimam e logo são substituídas, os que sacos de lixo que são trocados e –
vejam vocês – são deixados na rua nos dias certos que o lixeiro passa. E eu ia
falar das contas, mas...
No meu caso, o pior é que a família ta me PRENDENDO. Quando eu
quase saí de casa uma vez na LOUCURA, eles pouco tempo depois resolveram mudar
de casa, pra eu ter meu quarto. E as coisas estão até mais calmas, tenho um
pouco mais de privacidade, mas nunca será igual a ter um lugar longe de tudo
isso. Eles podem continuar tentando me comprar com comida e roupa lavada, mas
não vão vencer esta batalha. Às vezes penso em sossegar o cu e esquecer essa
história toda, mas... NÃO.
Acho
que é problema de timing. As coisas
não acontecem no tempo certo quando se está com a família. Eles querem
conversar quando você quer assistir o season finale da sua série em paz. E você
quer conversar quando na TV ta passando aqueles desastres horríveis que fazem
sua mãe sempre achar que é você que ta ali debaixo do carro, levando tiro na
balada, sendo levado pela enchente... e todas as outras desgraças que pais
geralmente assistem. Horários de comer, acordar, receber visita, programação
televisiva e musical entram nessa categoria. Nada parece se acertar. Acho
Roberto Carlos OOOOOO pica das galáxias também, mãe. Mas domingo oito da manhã
não é um bom horário pra gente ouvir no último volume, sabe? Bem como às 21h do
sábado vai me dar uma explosão de volúpia e eu estarei me debatendo no teto
enquanto danço Example, me preparando para sair.
No ano passado, eu e a Nô começamos a trabalhar juntos e resolvemos
que 2013 era um ano bom. E logo menos a gente começa a visitar lugares pra
decidirmos como vai ser. E a intenção é ir compartilhando aqui. Todo mundo diz
que a gente é louco e que a gente já passa tempo demais junto – que não dão
três meses e a gente já vai estar se odiando HAHAHAHA E a gente pretende ir
colocando esse tipo de coisa aqui também.
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